Dia da Mulher
O 8 de março deve ser visto como momento de mobilização para a conquista de direitos e para discutir as discriminações e violências morais, físicas e sexuais ainda sofridas pelas mulheres, impedindo que retrocessos ameacem o que já foi alcançado em diversos países.
Aproveita a data para uma reflexão sobre as conquistas femininas e as desigualdades que ainda persistem.
O dia 8 de março foi estabelecido pela
ONU em 1975 como data comemorativa do Dia Internacional da Mulher. Porém, o
acontecimento que terá estado na origem da escolha deste dia tem sido motivo de
controvérsia.
Para uns, o acontecimento histórico
justificativo do dia terá sido o assassinato de Hipátia, matemática e filósofa
romano-egípcia, ocorrido a 8 de março do ano 415.
Outros consideram que a data foi
proposta pela alemã Clara Zetkin, militante comunista, no II Congresso
Internacional das Mulheres Socialistas, realizado na Dinamarca em 1910.
A data também surge associada ao
trágico incêndio numa fábrica têxtil, a Triangle Shirtwaist, em Nova York em março
de 1911. Durante uma greve nessa fábrica, morreram 123 mulheres e 23 homens. A
tragédia agravou-se pelo impedimento de saírem do edifício em chamas, pois os
responsáveis tinham trancado todas as portas, uma prática comum durante o
horário de expediente para evitar que os trabalhadores se ausentassem do local
de trabalho. Sabe-se que a maioria das vítimas tinha entre 14 e 23 anos de
idade e eram emigrantes. Este acontecimento levou o Congresso americano a
estabelecer normas de segurança e de saúde laboral e industrial e serviu de
estímulo para a criação do Sindicato Internacional das Mulheres Trabalhadoras
(International Ladies’ Garment Workers’ Union), que passou a lutar por melhores
condições de trabalho das operárias têxteis.
Também a grande greve de janeiro de 1912,
em Massachusetts, na qual Anna LoPizzo, uma operária de 34 anos que foi baleada
mortalmente, tem sido apontada como possível explicação para a escolha do dia 8
de março. Tudo começou quando uma nova lei reduziu a jornada de trabalho de 56
para 52 horas por semana e os patrões impuseram uma redução de salários. Nesse
momento, cerca de 20 mil trabalhadoras das indústrias têxteis realizaram uma greve
sem precedentes, com duração de quase dois meses. Durante a greve, surgiu o
slogan “Pão e Rosas”, em alusão a melhores salários e qualidade de vida. Durante
o confronto entre grevistas e policiais, Anna LoPizzo, foi morta e, apesar de
várias testemunhas apontarem as forças policiais como responsáveis pelo
disparo, três sindicalistas foram responsabilizados pelo assassinato e acusados
de incitar o crime de conspiração.
A data também é associada à greve das
trabalhadoras de tecelagens de Petrogrado, na Rússia, ocorrida em 08 de março
de 1917. Tratou-se de um levantamento popular que, sob o lema “Paz, Terra e
Pão”, manifestou-se contra a monarquia czarista e a favor da saída do país da
Primeira Guerra Mundial.
Seja como for, o Dia Internacional da
Mulher não pode ser desvinculado do movimento pelos direitos dos trabalhadores,
pois as greves por melhores condições de trabalho foram, pouco a pouco, dando
consciência às mulheres da exploração que sofriam, das longas horas de trabalho
sem descanso, sob precárias condições de higiene, do assédio sexual constante,
entre outras situações inaceitáveis. Associada à luta laboral, encontramos
provas históricas da luta pelos direitos políticos das mulheres.